fiquei me perguntando sem parar, e sem ter respostas, se é comum encontrar anjos circulando livremente pela Terra. Achei que não, mas logo depois tive a certeza de que ela, certamente, não era humana. Deixei-me levar pela música suave do som de sua voz, ecoando em minha mente. Era realmente um anjo. Seus cachos escondiam parte de seu rosto, mas ainda sim, pude perceber, sem problemas, o quanto era linda. Ela me olhou envergonhada, talvez tenha percebido meus estranhos olhares, admirando-a. Tentei me concentrar em outra coisa qualquer. Mas era quase que impossível. Eu precisava olhar e ver, mas uma vez, seu sorriso angélico, porque sabia que ele me traria uma paz, uma luz sem igual. Olhei novamente, ela ainda sorria amarelo. Era ainda mais linda com o rosto rosado, envergonhado. Deitei em seu ombro como uma criança pedindo colo. Ainda que estivesse ao seu lado, me sentia distante, queria tocá-la, porque precisava saber se sua beleza celeste era mesmo real. Ela, carinhosamente, colocou sua mão em meu rosto, e cobriu-me de ternos carinhos. Confortando-me com suas mãos quentes e macias. Até hoje me pergunto se ela imaginava o bem que estava me fazendo. Talvez, tenha sido naquela manhã iluminada que minha solidão teve fim. Nada além disso aconteceu. Mas eu toquei um anjo. E pra mim, solidão nenhuma importava mais. Eu toquei um anjo, um anjo perdido na terra. Me perguntei se ela sabia o quanto era celestial e graciosa. Mas ela tinha uma simplicidade tão grande... Deduzi que não. Não importava mais toda solidão do mundo. Nunca mais estaria só. Porque eu conheci um anjo. Depois daquela manhã, nunca mais estive tão próximo dela. Nos afastamos aos poucos, e me dei conta de que nunca mais sentiria suas mãos macias em mim. Mas já não tinha importância, não era necessário mais nada, eu havia tocado o mais perfeito anjo, e o brilho de seus olhos serenos, seu cheiro de primavera, sua beleza angelical, nunca mais seriam apagados. Talvez eu volte à vê-la, mas aquele momento me bastou. Sim, eu a amei. Intensamente. O mais belo anjo.
Thiaago Azeveedo.
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